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A gravidade do desperdício do tempo

Tempo é dinheiro.


Você provavelmente já deve ter ouvido essa frase. E não só isso, você provavelmente já deve ter dito essa frase.


A frase foi escrita em um texto do livro “O instrutor americano: ou a melhor companhia de um jovem" e foi escrito por ninguém menos que Benjamin Franklin, sim, a pessoa a qual o rosto está estampado nas notas de 100 dólares.


No ensaio, Franklin escreve: “Remember that time is money” (Lembre-se que tempo é dinheiro).


A verdade é que seguimos por centenas e centenas de anos repetindo um jargão que muitas vezes nem se quer gastamos um minuto para refletir sobre.


Será mesmo que tempo é dinheiro?


Talvez para um senhor com 92 anos, tempo seja mais valioso que dinheiro. Talvez para um jovem quebrado financeiramente com 23 anos, dinheiro seja mais valioso que tempo.


Tudo é uma questão de perspectiva.


Normalmente o que nos falta, é o que queremos.


Mas ai é que mora o grande ponto. Dinheiro nós sabemos se nos falta ou não. Mas o tempo, esse não temos como saber.


Legião Urbana estava certo e errado ao mesmo tempo. Certo em dizer que não temos tempo a perder. Errado em dizer que nós temos todo tempo do mundo.


Essa dualidade é o que move a vida.


“Se o tempo fosse ouro talvez pudesses perdê-lo. Mas o tempo é vida, e tu não sabes quanto te resta.”

- São José


Essa semana eu assisti a uma live no Instagram do Arno Alcântara - empresário e produtor de conteúdo incrível, vale a pena segui-lo - e ele trouxe essa temática à tona.


Ele disse que precisamos considerar o peso que o desperdício do tempo tem. E na correria do dia a dia acabamos esquecendo isso, pois a vida moderna é um convite constante a desperdiçarmos a nossa vida.


O que não nos faltam são estímulos. Nossa atenção está minúscula. Nossa paciência também. E nossa memória anda igual a da Dory em procurando Nemo.


Somos constantemente bombardeados de todos os lados. São demandas no relacionamento, demandas do chefe, demandas do colega, demandas do estagiário, demandas dos pais, demandas dos amigos… É demanda que não acaba mais.


Além disso, temos cinquenta e-mails na nossa caixa de entrada ainda não lidos, mais de trinta mensagens no WhatsApp, esperando uma resposta, inúmeros projetos sendo executados, além de precisarmos nos manter atualizados, aprender um novo idioma, cuidar da saúde, beber dois litros de água e ver nossos amigos. A nossa vida requer prioridades, cada uma em seu momento, o grande segredo é saber diferenciar quando é a vez de cada uma entrar em ação.


Mas no meio dessa lista de prioridades, aonde encontram-se os seus sonhos?


Não encontram-se. A verdade é que estamos sendo engolidos pela correria do dia a dia.


E é aí que vem a ideia de que desperdiçar o tempo precisa ser algo horroroso na sua vida.


“O tempo é a verdadeira substância da vida humana. Outro dia estava comentando uma sentença de Sêneca que diz que as pessoas esperam gratidão quando dão um presente para você, mas elas não se sentem gratas pelo tempo que elas tomaram de você em troca, quando, na verdade, o tempo é o mais valioso dos bens, porque ele não pode ser devolvido jamais. Isso quer dizer que dar dez minutos a uma pessoa é melhor do que dar qualquer coisa, porque você estará dando o seu próprio sangue, de algum modo.”


- Olavo de Carvalho. COF, aula 202


Se o tempo é a substância da vida e você anda jogando fora o seu tempo, logo, você anda jogando fora a sua vida.


E se você desperdiça o tempo de alguém, você está tirando um pouco da vida dessa pessoa também.


O tempo não volta.


Esse segundo que você leu esse meu pensamento, passou. Essa meia hora que você está com o seu Instagram aberto, passou. Esses ano que você disse que ia começar aquele seu projeto e ainda não começou, passou.


O tempo não volta mais.


Por isso eu tento cada vez mais tomar consciência sobre o meu tempo e o tempo dos outros.


Não estou dizendo que nunca fico sem fazer nada, vegetando. Ou muito menos que tudo o que eu faço tem uma utilidade. Muito pelo contrário. Eu já fui essa pessoa. E inclusive tratei isso em terapia.


Eu já fui a pessoa que tudo que fazia precisava ter uma finalidade. Escolhia o seriado para assistir pensando no que poderia aplicar no meu negócio. Escolhia uma hobbie que pudesse alavancar meu corpo. Escolhia uma viagem que pudesse me dar mais repertório para os meus textos.


Tudo precisava ser útil. Isso me levou a um estresse tremendo, o que me levou a problemas em todas as áreas da minha vida, trazendo ao invés de crescimento, estagnação.


Hoje eu entendo a importância do lazer, do ócio, da contemplação e do descanso.


E ao entender isso, inclusive, valorizei ainda mais o tempo.


Comecei a entender a importância de dizer não, a diferença entre urgente e importante e o porque eu busco constantemente agradar os outros, mesmo que isso envolva comprometer os meus projetos.


A falta de tempo é uma das maiores desculpas do Século XXI. A regra é ter uma vida corrida. Qualquer pessoa que você encontra ou manda mensagem, perguntando como está, a resposta é sempre a mesma: corrido. Se você não está na correria, parece que você está ficando para trás.


Hoje em dia ter uma vida corrida é sinônimo de status.


O problema é quando o corrido lhe suga mais as energias do que lhe fornece. Eu mesmo vivo essa cilada diariamente. As obrigações do curto prazo, matando meus sonhos. Quando eu vejo, os meses se passaram e parece que eu estou mais mantendo a minha vida atual do que criando a vida que eu quero.


Mas até quando você irá deixar a rotina te atropelar? Talvez um dos motivos de você não ter energia após um dia de trabalho seja porque aquela chama de dentro de você que sabe que você pode mais na vida esteja bem apagada. E quando ela está apagada, o que te resta é não querer fazer nada, a inércia e o cansaço.


Precisamos tomar cuidado para não gastar a nossa vida na vida insana.


Hoje, talvez para você, seja muito mais fácil guardar lá no fundo da gaveta os seus projetos. Seja lá quais sejam. Emagrecer, aprender inglês, lançar um canal no YouTube, começar a produzir conteúdo no Instagram, abrir seu negócio próprio. Não importa qual seja o projeto. Hoje é muito mais cômodo para você gastar seu tempo no Instagram do que dar o primeiro passo.


Mas quem te colocou nessa situação foi você mesmo. O motivo eu não sei. A justificativa que você inventa para se sentir menos mal, eu também não sei.


Mas com toda certeza não pode e não deve ser a falta de tempo.


E para sair dessa situação não é fácil.


Talvez você lembre-se da época da escola e das aulas de física sobre a 1ª Lei de Newton que dizia que corpos parados tendem a permanecer parados e corpos em movimento tendem a permanecer em movimento. Na vida, quando se trata dos seus objetivos é a mesma coisa. Se você está parado, a chance de conseguir sair dessa situação é mínima, pois a tendência é você continuar parado.


O meu conselho para você começar a sair dessa situação? Não foque no que você gosta de fazer. Foque no que você é bom.


Normalmente as pessoas acreditam que para viverem seus propósitos precisam fazer algo que elas gostam de fazer, mas o início do caminho não é esse e sim pelos seus talentos, inclinações naturais e pontos fortes.


Quando você faz algo bem feito e com facilidade é questão de tempo para você começar a gostar e começar a receber por isso.


Primeiro os talentos e depois o coração.


Por isso eu te convido a meditar sobre quais são os seus talentos e dons e como não os vêm usando.


Nossas habilidades e talentos são únicos. Talvez você não consiga enxergar hoje qual é o seu diferencial. Mas pode ter certeza de que cada pessoa possui um conjunto de talentos, habilidades, personalidade e vivências únicas.


Sem falsa modéstia, o que você consegue bater no peito e falar: “Deixa comigo que isso eu resolvo.” Esses são seus pontos fortes. É importante reconhecermos as atividades que fazemos sem muito esforço e entramos em estado de fluxo.


Não sabe ainda quais são seus pontos fortes? Então eu sugiro que você anote as suas três principais competências, aquelas que você acredita que realmente são seus diferenciais. Logo em seguida, escolha cinco pessoas que o conheçam bem e que sejam de diferentes círculos sociais. Peça para elas escreverem quais são as suas três principais qualidades e explicarem por que elas acham isso.


Caso essas características sejam similares, você já tem uma boa noção no que é bom. Caso elas não sejam convergentes, existem duas possíveis explicações: ou você realmente não é bom naquilo ou você é bom, mas não sabe comunicar. Em ambos os cenários, você precisa parar, olhar para dentro e entender se faz sentido e como desenvolver um maior autoconhecimento.


Ao entender os seus talentos e perceber que você não está os utilizando no dia a dia você começará a entender o porque a sua vida está como está e o porque você não tem ânimo de dar o primeiro passo na construção da sua nova vida.


Você começa a entender que o trabalho é uma oportunidade para dar luz aos seus talentos.


Você começa a entender que o trabalho é um palco e não uma senzala.


Você começa a entender que ao desperdiçar seus talentos, você está desperdiçando tempo, que alguém não está recebendo um bem que você poderia dar e que em última análise você está fazendo um mal a você mesmo.


Isso mudará a sua perspectiva em relação ao trabalho e a sua vontade de fazer as coisas.


Você precisa retomar a alegria de viver e de construir coisas. Voltar a se sentir grato pela vida.


Toda vez que você sabota seus sonhos, você sabota a sua vida.


E não adianta fugir. No final da vida, todos nós teremos que responder a uma grande pergunta, resta saber se você terá medo desse momento ou não.


O que você fez com o tempo que eu te dei aqui na terra?


E quando essa pergunta vier, você não poderá fazer mais nada.


Ainda dá tempo de mudar a sua resposta.


Quanto tempo, não sei te dizer.


Mas o relógio está andando, não temos tempo a perder.


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Texto inspirado na live no Instagram do Arno Alcântara.

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